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  • DIVISÃO DA ALEGRIA ∙ RAQUEL NOBRE GUERRA

DIVISÃO DA ALEGRIA ∙ RAQUEL NOBRE GUERRA

14,90 €  
IVA incluído

DIVISÃO DA ALEGRIA • Raquel Nobre Guerra • 2022 Tinta da China 148 pgs • Composição: Pedro Serpa • Capa: VTavares • Coordenador da Coleção: Pedro Mexia • Lançamento no 30 de Abril, às 22.00 • Apresentação de Maria Belo e Pedro Mexia • Leituras de Teresa Coutinho, Bruno Béu, Miguel Martins e Valério Romão◼︎

“Brinca com as mãos longas até onde possas
compreender o rum-rum que vai e vem
roubando um que a tudo e de volta a ti

o que falta às coisas é olhar o mundo
como uma qualidade do espírito
com o fole do papo cheio de vida

e nada te faz sentir como isto nada te fala assim
como o que respira de uma parte a outra
e espera com a magia do sonho em cada borrão

e vai por aí fora do texto e entra por dentro do mundo
e há sempre aquela sensação de tambor da festa
no peito que mantém a batida.”

TECNO RURAL, Raquel Nobre Guerra

“Não faz mal que a tua vida seja só
uma forma de escapar à fala humana
que te sintas o último dos obscuros
um canto de peixe te arraste pelo rol
para um plâncton murcho de limos

esperas que o sopro entregue uma onda
talvez não queiras ondular como uma sereia

está bêbado iluminado por dentro
a tentar alcançar o autobus espacial
ainda é cedo para roubar a água das estrelas
uma lua nova pode deflagrar.”

O ÚLTIMO DOS OBSCUROS, Raquel Nobre Guerra

“O que significa «divisão da alegria»? Um gesto franciscano (a que não faltam idílios campestres, nem uma gata chamada Ninotchka); uma alusão às canções sem alegria de Ian Curtis; os prazeres quotidianos; o inquebrantável contingente dos amigos; aquilo que vem depois do luto; ou a própria tarefa do poeta, «príncipe das metades»? Divisão da Alegria, o livro mais extenso e mais expansivo de Raquel Nobre Guerra, nunca divide por completo a alegria daquilo que não é alegre. «Tenho saudades de quando a poesia era directa», escreve a autora, mas logo verificamos que dizer directamente as coisas pode ser dizê‑las com a franqueza lúdica de um Frank O’Hara, com a densidade oblíqua do pensamento filosófico, ou com a obscuridade quase intransmissível de certas epifanias e cumplicidades. Se estes poemas são directos é na medida em que há neles uma «gravidade»: gravidade enquanto gravitas e enquanto força que atrai os objectos. Não se trata de dividir a alegria no sentido de tê‑la já e depois distribuí‑la, mas de tentar entender, com um admirável ânimo, em quantas partes diferentes a alegria se divide.”

Pedro Mexia