CARLOS VILARDEBÓ∙ CADERNOS DA CINEMATECA ∙ TIAGO BARTOLOMEU COSTA & RICARDO VIEIRA LISBOA (ORG.)
CARLOS VILARDEBÓ ∙ CADERNOS DA CINEMATECA ∙ Tiago Bartolomeu Costa & Ricardo Vieira Lisboa (Org.) ∙ 2024 Cinemateca Portuguesa 170 pgs ∙ Textos de Ricardo Vieira Lisboa, Federico Rossin, Maria do Carmo Piçarra, Vitor Silva Tavares & Etc • Grafismo Nuno Rodrigues • Paginação Pedro Nora.
“Há muitos anos que a figura de Carlos Vilardebó me intrigava. Frequentemente me interroguei sobre como é que este realizador veio parar a Portugal em 1964 e aqui fez esse estranhíssimo e misterioso filme chamado as ILHAS ENCANTADA (1965). De facto, Carlos Vilardebó (1926-2019) ocupa um estranho lugar na história do Cinema Novo Português: não pertencendo ao grupo dos cafés lisboetas Vavá/Ribadouro, não vivendo em Portugal desde os dois anos e mal falando a língua portuguesa, é convidado por António da Cunha Telles para realizar uma das suas primeiras «produções», logo depois das estreias de Paulo Rocha (OS VERDES ANOS, em 1963) e Fernando Lopes (BELARMINO, já em 1964), e antes mesmo das rodagens das primeiras longas de Manuel Faria de Almeida (CATEMBE, 1965) ou de António Macedo (DOMINGO À TARDE, 1965). Portanto, entre os realizadores de «primeira linha» do Cinema Novo e os de «segunda linha», aparece essa espécie de estrangeiro, homem tímido e reservado, que realiza o único filme das Produções António da Cunha Telles que recebe o apoio do Fundo do Cinema Nacional, isto é, do órgão oficial do Estado Novo para a produção e promoção do cinema português.”
CARLOS VILARDEBÓ, O INTRUSO DO CINEMA PORTUGUÊS, Ricardo Vieira Lisboa