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  • NÃO SOU DA FAMÍLIA • NOTAS SOBRE PASOLINI • JOÃO OLIVEIRA DUARTE
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NÃO SOU DA FAMÍLIA • NOTAS SOBRE PASOLINI • JOÃO OLIVEIRA DUARTE

12,00 €  
IVA incluído

NÃO SOU DA FAMÍLIA • NOTAS SOBRE PASOLINI • João Oliveira Duarte • 2022 BCF Editores 165 pgs • Capa Ana Jotta • Fotogravura Vitor Carvalho • PVP 12€ • Linha de Sombra • Cinemateca Portuguesa

“Pasolini foi procedido por todo o trabalho do neo-realismo que mapeou, ou tentou mapear, a «paisagem da fome e da morte». Mas Pasolini, numa entrevista de 1961, dirá que o neo-realismo se limitava a descrever o quotidiano, ao passo que Pasolini, por sua vez, tentava construir uma história dramática, com elementos trágicos. E acrescentará, num outro lugar, que os bairros da lata que encontramos no cinema neo-realista, e que podiam servir de documento político e estético que iluminasse esse universo ignorado, não são verdadeiros bairros da lata - são sempre subordinados a uma finalidade que lhes é exterior. Há De Sica, mas este contamina a realidade da «borgatta» com um socialismo humanista pré-fascista», há Visconti, mas este tem um formalismo que Gramsci descreveria como «cosmopolítico», e há também Fellini, mas neste o realismo assume feições religiosas. O que Pasolini procura, por esta altura, aquilo que vamos encontrar nos dois romances, em Accattone ou em Mama Roma (mas também em La Ricotta, La Terra vista dalla luna, ou em Uccellaci e Uccellini) é outra coisa, vai além da mera discrição, seja com que intuito for, dos bairros da lata, das estradas enlameadas, da fome e da dor desta paisagem. Chama-lhe, a dado momento, realismo sombrio, escuro - só este estaria à altura do «esgoto que é a década de 50». Eis uma dessas histórias que se repetem na paisagem monótona da pobreza de Roma e que permite ler a advertência que consta em Uma Vida Violenta: «As referências a pessoas, factos e lugares reais aqui descritos são fruto da imaginação: gostaria todavia que fosse claro para o leitor que tudo o que leu neste romance, no fundamental, aconteceu realmente e, continua realmente a acontecer.»”


ROMA, João Oliveira Duarte

“Prostitutas, proxenetas, todo o tipo de pequenos ladrões, desempregados, desocupados de todo o género – “le bestie lavorano!” como diz Accattone a dada altura: são os animais que trabalham. É o universo que Pasolini conhece a partir do momento em que se acha em Roma, aquele que lhe dá fama e aquele que o transforma num infame – aquele que o leva a tribunal por diversas vezes. É o universo dos eternos adolescentes, todos cheios de sanha e maldade, que não têm, que não têm problema algum em atraiçoar o que quer que seja – mas que conservam, mesmo assim, uma referência constante ao cristianismo, um cristianismo imoral ou sem moral, ardil último para garantir a vida eterna. (...) São «estranhos poemas«, ou «poema-vida», como lhes chama Foucault. Os infames em Pasolini situam-se numa marginalidade que, durante muito tempo, permaneceu fora do âmbito do poder – quando este chega é para os transformar em pequeno-burgueses ou delinquentes, chefes de família, donas de casa, proletários para quem o trabalho é um valor ou criminosos cujo destino fatal é a prisão. São inocentes na sua violência – ou, pelo menos, é assim que Pasolini olha para esses eternos adolescentes –, transportam a alegria de uma vida não subsumida a qualquer função utilitária.”

HOMENS INFAMES, João Oliveira Duarte